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Vol. 10. Issue 2.
Pages 181-183 (March - April 2004)
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Vol. 10. Issue 2.
Pages 181-183 (March - April 2004)
AS NOSSAS LEITURAS
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A associação salmeterol//fluticasona é mais eficaz do que a fluticasona e o montelukast oral na asma
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N. Ringdal, A. Eliraz, P. Pruzinec, H.H. Weber, P.G.H. Mulder, M. Akeveld, E.D. Bateman, International Study Group
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RESUMO

Em todo o mundo, as taxas de morbilidade e mortalidade relacionadas com a asma têm vindo a aumentar. Segundo as normas intervencionais (Guidelines), os objectivos do manejamento da asma brônquica devem ser o controlo de sintomas e a prevenção das exacerbações e consequente melhoria da qualidade de vida do doente asmático. É amplamente aceite que a terapêutica corticosteróide inalada é o tratamento preventivo disponível mais eficaz devido ao seu papel anti-inflamatório. No caso de doentes que permanecem sintomáticos sob corticoterapia por via inalatória, a associação de β2 agonista de longa acção com o salmeterol traduzse numa melhoria da função pulmonar e controlo dos sintomas mais significativa do que a observada com a duplicação da dose de corticosteróides. Está comprovada a eficácia da combinação de β2 agonistas de longa acção e corticosteróides inalados no tratamento da inflamação e disfunção do músculo liso – mecanismos fisiopatológicos envolvidos na asma.

Não é ainda perfeitamente clara a vantagem da adição de antileucotrienos embora existam diversos estudos que evidenciam uma modesta melhoria da função pulmonar e dos sintomas diários quando esta classe de fármacos é associada à corticoterapia inalada.

A análise actual compara a eficácia clínica de associação do salmeterol e do montelukast à corticoterapia por via inalatória (propionato de fluticasona) em adultos com asma que estão sintomáticas apesar da terapêutica referida.

Foi efectuado um estudo multicêntrico, randomizado, duplamente cego, com um grupo controlo, englobando indivíduos asmáticos com idade15 anos medicados com corticóides inalados durante, pelo menos, as 4 semanas que antecederam o estudo. Apresentavam obstrução das vias aéreas reversível após inalação de um β2 agonista de curta acção numa dose ≤800μg (↑ FEV115%).

Foram excluídos os doentes com infecções respiratórias, exacerbações requerendo hospitalização nas últimas 4 semanas, submetidos a corticoterapia oral ou endovenosa nesse período ou mais de 2 vezes nas últimas 12 semanas, fumadores UMA>10, mulheres grávidas ou em período de amamentação e doentes cuja terapêutica de manutenção foi alterada nas últimas semanas.

Após um período de run-in de 4 semanas, os doentes foram submetidos durante 12 semanas à associação salmeterol/ propionato de fluticasona 50/100μg duas vezes/dia ou propionato de fluticasona 100μg duas vezes/dia e montelukast 10mg uma vez/dia. Os doentes registaram diariamente os scores de sintomas, o PEF matinal e o uso de terapêutica de alívio.

Foram observados às 4, 8 e 12 semanas de tratamento, tendo a função pulmonar sido avaliada nessas datas. Foi feito o levantamento das exacerbações que foram classificadas em ligeira (terapêutica de alívio3 inalações/ dia em relação ao basal em 2 dias consecutivos), moderada (requerendo CT oral e/ ou antibióticos) ou grave (necessitando de hospitalização).

Foi monitorizada a segurança e tolerabilidade do tratamento através do registo dos efeitos adversos em cada visita clínica. Nestas foi efectuada observação pela ORL.

Foram avaliados 1168 doentes, tendo sido 725 submetidos a terapêutica (356 salmeterol/ propionato de fluticasona e 369 a propionato de fluticasona e montelukast). A compliance foi elevada em ambos os grupos: 96% e 97%, respectivamente.

Após 12 semanas de tratamento, o aumento do PEF matinal foi significativamente superior no grupo salmeterol/ fluticasona (36L/min) em comparação com o 2.º grupo (19L/min; p<0,001). A melhoria do FEV foi também significativamente maior no grupo salmeterol/fluticasona (p<0,001). A associação permite um melhor controlo dos sintomas diurnos e nocturnos, sendo as exacerbações mais raras e o uso da terapêutica de alívio menor. Ambos os tratamentos foram bem tolerados. A satisfação com os resultados obtidos com a terapêutica instituída foi superior no 1º grupo (92,9% versus 83,8%; p<0,005). A melhoria da função pulmonar observada após a administração de associação salmeterol/ fluticasona foi significativamente superior em relação à verificada com a corticoterapia inalada e o montelukast.

COMENTÁRIO

Os resultados deste estudo revelaram que a associação salmeterol/ propionato de fluticasona (50μg/ 100μg) em 2 tomas/dia durante 12 semanas era mais eficaz que propionato de fluticasona 10μg duas vezes/dia e montelukast 10μg uma vez/dia no tratamento de doentes com asma moderada ou grave. A associação traduz-se numa melhoria significativamente superior da função pulmonar, dos scores de sintomas e numa redução da frequência das exacerbações.

Este estudo foi efectuado para demonstrar os benefícios da associação de β2 agonistas de longa duração (salmeterol) ou anti-leucotrienos (montelukast) à corticoterapia por via inalatória em doentes sintomáticos.

Os critérios de inclusão implicaram que se tratasse de indivíduos asmáticos com sintomatologia e requerendo aumento da terapêutica de manutenção. A reversibilidade com a administração de salbutamol podia potencialmente favorecer o grupo salmeterol/ fluticasona. No entanto, este critério de selecção é fundamental para o correcto diagnóstico de asma e foi utilizado em numerosas análises retrospectivas. O período de 12 semanas é suficiente para demonstrar o máximo efeito do salmeterol e do montelukast, o que já tinha sido provado anteriormente.

A redução da frequência da exacerbação de asma é importante na diminuição da morbilidade e mortalidade dos doentes asmáticos, melhorando a sua qualidade de vida e reduzindo os custos associados à doença.

Numerosos estudos revelaram que a associação de salmeterol/corticóides inalados tem maiores benefícios clínicos do que a administração deste fármaco e anti-leucotrienos, traduzindo-se num menor número de visitas ao Serviço de Urgência e diminuição do uso de terapêutica de alívio.

No estudo actual, a diferente eficácia não pode ser atribuída à diferença na compliance, visto esta ter sido elevada em ambos os grupos. Está, também, provado que o uso da terapêutica múltipla em dispositivos diferentes e várias tomas diárias contribui para uma má compliance.

Em resumo, nos doentes sintomáticos sob doses baixas de corticóides inalados, ambas as terapêuticas são eficazes, embora no 1.º grupo os benefícios sejam significativamente superiores. Estes resultados estão de acordo com estudos realizados anteriormente com montelukast e zafirlukast e confirma que a associação salmeterol/fluticasona é a opção preferencial para doentes não controlados com a corticoterapia inalada.

Palavras-chave:
Salmeterol propionato de fluticasona
associação terapêutica
asma
montelukast
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BIBLIOGRAFIA
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