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Vol. 8. Issue 2.
Pages 178-180 (March - April 2002)
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Vol. 8. Issue 2.
Pages 178-180 (March - April 2002)
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Comparação prospectiva entre pneumonia adquirida em lar de idosos e pneumonia adquirida na comunidade
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W.S. Lim, J.F. MacFarlane
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RESUMO

Os autores descrevem um estudo prospectivo com duração de 18 meses envolvendo 437 doentes admitidos no hospital com o diagnóstico de pneumonia, dos quais 40 (9%) eram residentes em lar.

O diagnóstico baseou-se em critérios clínicos e radiológicos. Foi avaliado o estádio funcional prévio dos doentes, com escala de status funcional.

A investigação microbiológica incluiu análises bacteriológicas de expectoração e de sangue; análises serológicas para Mycoplasma, Chlamydia pneumoniae, febre Q, Legionella pneumophila, Haemophilus influenza, Moraxella catarrhalis, Streptococcus pneumoniae, vírus influenza A e B, vírus sincicial respi ratório e adenovírus; pesquisa de antigeneos para pneumococo na expectoração e de antigenúria para pneumococo e legionela.

Os resultados revelaram que a média de idades foi mais elevada nos doentes com pneumonia adquirida em lar (PAL) do que na global idade dos doentes com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) – 80,6 versus 65,5 anos. Também os primeiros apresentavam mais frequentemente estados confusionais, comorbilidades e maior gravidade clínica.

A diferença mais significativa entre os dois grupos manifestou-se no estádio funcional, inferior nos doentes com PAL comparativamente a todos os doentes com PAC e ao subgrupo de doentes com PAC e idade igual ou superior a 65 anos.

A análise bacteriológica foi efectuada em 22 doentes com PAL e em 44 doentes-controlo com PAC. Foi isolado agente patogénico em 50 doentes (70%).

Não se observaram diferenças significativas entre os dois grupos, sendo o pneumococo isolado em 12 (55%) casos de PAL e em 19 (43%) casos de PAC. O segundo agente mais detectado foi a Chlamydia pneumoniae, em 4 (18%) casos de PAL e 7 (16%) casos de PAC.

Não se encontraram casos de pneumonias por bacilos Gram negativos e apenas foi detectado 1 caso de pneumonia por S. aureus no grupo de doentes com PAC.

A terapêutica usada foi empírica em 93% dos casos de PAL e o antibiótico mais utilizado a cefuroxi-me EV (85% dos casos), em combinação com macrólido em 43% das situações.

A mortalidade foi significativamente mais elevada no grupo com PAL (53%) comparativamente ao total de PAC (13%) e também ao subgrupo de PAC com idade igual ou superior a 65 anos (21%).

Numa análise multivariada incluindo a idade, a admissão em UCI, a gravidade da doença e o estádio funcional, este último revelou-se um factor prognóstico independente associado a aumento da mortalidade.

Os autores concluem que os patogéneos encontrados nas pneumonias dos doentes residentes em lares são semelhantes aos da PAC, não se justificando uma escolha empírica de antibiótico diferente naquele grupo de doentes.

As diferenças encontradas no status performance condicionam o aumento de mortalidade dos doentes com PAL comparativamente à PAC, considerando assim os autores que a avaliação do estádio funcional prévio ao internamento é um importante factor prognóstico e que deveria ser efectuada em todos os doen-tes internados por pneumonia.

COMENTÁRIO

Relativamente à sintomatologia, os doentes com PAL apresentavam menos sintomas respiratórios e mais frequentemente encontravam-se confusos à data de admissão no hospital – o que já foi evidenciado em estudos anteriores1. O diagnóstico de pneumonia do idoso, e sobretudo deste subgrupo de doentes residentes em lares, depende do índice de suspeita do médico, dado os sintomas respiratórios não serem muitas vezes os predominantes.

O maior índice de gravidade e de mortalidade da doença leva muitos autores a considerar a PAL diferente da PAC, o que é reforçado por estudos que reportam uma maior frequência de infecções por Gram negativos e por S. aureus. Normas internacionais de abordagem da PAC apontam também a residência em lar como factor potencial de risco de infecção a Gram negativos e S. aureus2,3,4. Nesta base, há autores que sugerem uma diferente estratégia antibiótica perante o diagnóstico de PAL5.

O presente trabalho vem questionar esta atitude, no entanto os autores admitem que atitudes diferentes poderão ter que ser tomadas em países diferentes, dado que estão implicadas questões de ordem social (condições dos lares) que influenciam a análise.

Além disso, dever-se-á ter em conta a possível influência do número limitado da amostra na variedade de agentes patogénicos isolados.

A mortalidade destes doentes está aumentada – o que também está documentado noutras séries6. Em causa estão doentes mais confusos, com mais comorbilidades e maior índice de gravidade da pneumonia – para cuja pontuação o facto residência em lar contribui como uma das 19 varáveis do somatório7.

O que este estudo salienta é o facto de, para além da gravidade da pneumonia avaliada no momento de admissão do doente, o estádio funcional do doente prévio ao internamento ser um bom indicador do prognóstico, estando associado de forma independente à mortalidade.

Palavras-chave:
Pneumonia adquirida em lar e Sintomas
pneumonia adquirida em lar e Agentes patogénicos
estádio funcional e Prognóstico da pneumonia adquirida na comunidade ou em lar
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