Journal Information
Vol. 5. Issue 4.
Pages 446-448 (July - August 1999)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 5. Issue 4.
Pages 446-448 (July - August 1999)
Open Access
Densidade Mineral Óssea em Mulheres Asmáticas, na Fase Perimenopausa
Visits
3831
Anne K. Laatikainen, Heikki P.J. Kroger, Hannu O. Tukiainen, Risto J. Honkanen, Seppo V. Saarikoski
Departments of Respiratory Medicine, Surgery, and Obstretics and Gynecology, Kuopio University Hospital, and Research Institute of Public Health, University of Kuopio, Kuopio, Finland.
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
RESUMO

Os corticóides inalados, constituem a terapêutica anti-inflamatória de eleição, utilizada nos asmáticos, por longos penodos.

Para além dos corticóides inalados utilizados como terapêutica preventiva, a corticoterapia oral e endovenosa é por vezes necessária nos períodos de exacerbação da doença.

É bem conhecido o risco de osteoporose em doentes com asma grave medicados com corticoterapta oral a longo prazo O efeito dos corticóides inalados a nivel da densidade óssea, não é bem conhecido, pelo que tem sido alvo de estudos recentes.

A menopausa é considerada o principal factor de risco da osteoporose. Ainda não é bem conhecido qual o papel da asma como factor de risco de ostcoporose equal o impacto dos corticóides inalados na densitometria óssea.

Os autores procederam a urn estudo inicialmente dingido a uma população de 14220 mulheres dos 47 aos 56 anos de idade (período perimenopausa), residentes na Província de Kuopio, no Leste da Finlândia.

Foi enviado urn inquérito incluindo a história ginecológica, uso de terapêutica hormonal de substituição, paridade, peso, altura, actividade fisica, consumo de produtos lácteos, hábitos tabágicos, morbilidade e teraêuticas habituais. Houve resposta em 84 4% dos inquiridos.

Foi realizada osteodensitometria óssea (BMD) do colo do fémur esquerdo e coluna em 3222 mulheres, de acordo com um estudo randomizado simples, estratificado.

Após exclusão de alguns registos considerados inválidos, a população estudada consistia em 2941 mulheres, das quais 119 eram asmáticas. A estas foi feito um inquérito adicional acerca do uso de cortticóides, dose diária, duração e regularidade.

Os autores verificaram que 72 doentes (60.5%) estavam medicadas com corticóides inalados. Dez asmáticas faziam regularmente corticoterapia oral. Em 61 doentes havia referência a pelo menos um curso de corticóide oral nos últimos 6 meses. Vinte e oito asmáticas nunca tinham feito terapêutica corticóide.

A análise preliminar dos resultados permitiu verificar que não havia diferenças estatísticamente significativas entre as asmáticas e não asmatícas, excepto no indice de massa corporal (BMI), com um valor médio de 27 0 Kg/m2versus 26.1Kg/m2.

Nas asmáticas, a idade e o tempo de menopausa correlacionouse negativamente com a BMD da coluna, enquanto que o peso eo BMI se correlacionaram positivamente com a BMD da coluna e fémur.

As asmáticas que não estavam medicadas com terapêutica hormonal de substitutção (n=83) apresentavam valores médios de densitometria óssea da coluna e femural inferiores, relativamente às correspondentes, não asmáticas (BMD da coluna 1 083±0 150 [SD] versus 1.128±0 160g/cm2, p<0.05. BMD femural, 0 894 ± 0 112 [SD] versus 1.128g/cm2, p<0.05).

Embora as BMDs realizadas nas doentes asmáticas medicadas com corticóides inalados não tenham sido significativamente inferiores, a duração do tratamento correlacionouse negativamente com a BMD da coluna.

Os autores concluem que na mulher em fase perimenopáusica, a Asma Brônquica associase a uma diminuição da densidade óssea. Este facto parece ser devido mais aos corticóides do que à doença em si. Contudo, a terapêutica hormonal de substituição parece constituir um factor protector contra a perda de densidade óssea, também nas doentes asmáticas.

COMENTÁRIO

A terapêutica anti-inflamatória, nomeadamente a corticóide inalada, é largamente utilizada na terapêutica preventiva da asma brônquica, sendo apenas excluida a sua indicação nos casos de asma intermitente (7).

A menopausa e a corticoterapia oral são factores de risco de osteoporose bem conhecidos.

Contudo, o papel da asma brônquica e da terapêutica corticóide inalada na osteoporose, não estão ainda bem definidos, tendo sido objecto do presente estudo.

Os autores procederam ao estudo de uma população de mulheres em fase perimenopáusica residentes numa provincia do Leste da Finlândia, que foi subdividida em dois grupos: asmáticas (n=119) e não asmáticas (n=2941).

Foi estudada a densidade mineral óssea através da BMD da coluna e fémur nos dois grupos, após resposta a um inquérito exaustivo de todos os factores conhecidos passíveis de interferir com os resultados da BMD.

São escassos os estudos da BMD em doentes asmáticas e os que existem englobam na maioria ambos os sexos e diversos grupos etários (1,2,3,4,5, 6).

Os autores verificaram que comparativamente com as não asmáticas, as doentes asmáticas apresentavam uma menor densidade óssea (BMD da coluna e fémur). Esta diferença foi mais marcada e estatisticamente significativa nas asmáticas não submetidas a terapêutica hormonal.

Relativamente ao efeito dos mineralocorticóides, os autores concluiram que a duração, a dose e a terapêutica regular com corticóides orais se correlacionava negativamente com a BMD da coluna, correlação também encontrada com os corticóides inalados, embora menos significativa.

Contudo, será de salientar que no grupo de 119 asmáticas, apenas 26 (23.5%) fizeram exclusivamente corticoterapia inalada. Sessenta e cinco doentes (54.6%), para além de corticóides inalados usados regularmente, necessitaram fazer curtos períodos de corticoides orais, facto que podera ter interferido negativamente nos resultados encontrados.

Para além de o número de asmáticas estudado ser relativamente pequeno (n=119), a idade média de início da terapêutica corticóide inalada regular foi sómente aos 49 0±4.9 anos, com uma duração média de apenas 5.2±4.1 anos e uma dose média diária de 1.0±0.4mg.

Os aspectos mais relevantes do presente trabalho são a constataçãdo de um risco aumentado de osteoporose nas mulheres asmáticas, representando a corticoterapia oral o factor de risco mais importante, embora pareça que os corticóides inalados podem influenciar negativamente a BMD da coluna.

Os resultados sugerem ainda o efeito profilático positivo da terapêutica hormonal de substituição nas mulheres asmáticas na fase perimenopausa. aspecto que deverá ser considerado na pránca clínica.

Palavras-chave:
Osteoporose
asma
corticosteróides
Full text is only aviable in PDF
BIBLIOGRAFIA
[1.]
A.D. Adinoff, R. Hollister.
Steroid-induced fractures and bone loss in patients with asthma.
N Eng J Med, 309 (1983), pp. 265-268
[2.]
L.P. Boylet, M.C. Giguere, J. Milot, J. Brown.
Effects of long-term use of high-dose inhaled steroids on bone density and calcium metabolism.
J Allergy Clio Immunol, 94 (1994), pp. 796-803
[3.]
N.A. Hanania, K.R. Chapman, W.C. Sturtridge, J.P. Szalai, S. Kesten.
Dose-related decrease in bone density among asthmatic patients treated with inhaled corticosteroids.
J Allergy Clin Immunol, 96 (1995), pp. 571-579
[4.]
M. Ip, K. Lam, L. Yam, A. Kung, M. Ng.
Decreased bone density in premenopausal asthma patients receiving long-term inhaled steroids.
Chest, 105 (1994), pp. 1722-1727
[5.]
M. Luengo, L. Del Rio, N. Guanabens, C. Picado.
Long-term effect of oral and inhaled glucocorticoids on bone mass in chronic asthma: a two year follow-up study.
Eur Resp J, 4 (1991), pp. 342s
[6.]
G. Packe, J.G. Douglas, A.F. McDonald, S.P. Robins, O.M. Reid.
Bone density in asthmatic patients taking high dose inhaled beclomethasone dipropionate and intermittent systemic corticosteroids.
Thorax, 47 (1992), pp. 414-417
[7.]
National Heart Lung and Blood Institute. Global Initiative for Asthma Publication number 96–3659. Nov. 98.
Copyright © 1999. Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP
Pulmonology
Article options
Tools

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?