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Vol. 6. Issue 4.
Pages 347-349 (July - August 2000)
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Vol. 6. Issue 4.
Pages 347-349 (July - August 2000)
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Efeito a Iongo prazo do budesonido inalado na doença pulmonar obstrutiva crónica ligeira e moderada: ensaio controlado e randomizado
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Jørgen Yestbo, Torben Sørensen, Peter Lange, Anders Brix, Piero Torre, Kaj Viskum
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RESUMO

Pouco se sabe acerca da eficácia dos corticoids inalados na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).

Os autores investigaram a eficácia do Budesonido inalado no declfnio da função pulmonar e nos sintornas respirntórios, num estudo de doentes com DPOC, com a duraçãao de 3 anos, controlado com placebo.

Relativamente ao método, foi utilizado um grupo paralelo, randomizado, em dupla ocultação, controlado com placebo, num único centro de escudo, “The Copenhagen City Heart Study”.

Os criterios de inclusão foram os seguintes: Ausência de Asma; uma relação de volume expiratório máximo no 1° segundo (VEMS) e capacidade vital igual ou inferior a 0.7; Ausência de resposta do VEMS (variação<15%) a 1mg de terbutalina inalada ou a 37.5mg de prednisolona oral dada uma vez ao dia, durante 10 dias.

Foram estudados 290 doentes, medicados com Budesonido, (na dose de 800μg mais 400μg diários durante 6 meses, seguidos de 400μg duas vezes ao dia durante 30 meses) ou placebo durante 36 meses. A idade média dos doentes era de 59 anos e o valormédio do VEMS era de 2.37L ou 86% do valor teórico. 0 parâmetro mais importante foi o declínio do VEMS. A análise teve por objectivo determinar a eficácia terapêutica.

A análise dos resultados permitiu verificar que o declínio do VEMS foi inferior ao esperado (no grupo placebo, o declínio foi de 41.8ml por ano, no grupo tratado com budesonido foi de 45.1ml/ano). Os autorcs não verificaram melhoria dos sintomas respiratórios no grupo tratado com budesonido. Durante o estudo ocorreram 316 exacerbações, 155 no grupo do budesonido inalado e 161 no grupo placebo. A terapêutica foi bem tolerada.

Os autores conclucm que o Budesonido não teve benefício clínico nos doentes estudados com DPOC, questionando-se sobre o papel dos corticóides inalados no tratamento da DPOC ligeira e moderada.

COMENTÁRIO

Com base nas alterações inflamatórias evidenciadas na fisiopatologia da DPOC, os anti-inflamatórios, nomeadamente os corticóides inalados, têm sido largamente utilizados, contudo ainda não têm um papel bem definido.

Tal como no presente trabalho, outros estudos a longo prazo mostram que o beneficia clínico na prevenção da progressão da doença e das suas exacerbações é diminuto (1,2).

Os corticóides, quer inalados, quer orais, não têm um efeito significativo no número de neutrófilos ou nas citocinas, em estudos de expectoração induzida de doentes com DPOC (4,5), facto que explica a ausência de efeito dos corticóides na progressão da doença. Contudo, verifica-se um pequeno efeito na actividade quimiotática dos neutrófilos, presumivelmente mediada através de uma acção nos macrófagos e na função das células epiteliais.

O estudo EUROSCOP (7) envolveu 1277 doentes com obstrução ligeira a moderada e demonstrou uma melhoria significativa do VEMS nos primeiros 3 a 6 meses de tratamento com 800μg de budesonido

inalado. Contudo, no restante período, o declínio do VEMS foi idêntico ao observado no grupo placebo.

O estudo lSOLDE englobou 990 doentes com DPOC grave, tendo-se verificado uma melhoria do VEMS após broncodilatação nos primeiros 3 a 6 meses de tratamento com 1000μg diários de fluticasona, não se tendo observado após este período, diferenças na taxa de declínio do VEMS, relativamente ao placebo. Os autores verificaram ainda uma redução de 25% da taxa de exacerbações nos 3 anos de estudo, no grupo sob corticoterapia inalada. Foi ainda avaliada a qualidade de vida através de questionário de St. George, verificando-se que o tratamento com fluticasona permitiu reduzir a taxa de declínio da saúde, relativamente aos sintomas, actividade e impacto da doença (7).

Van Grunsven e colaboradores estudaram doentes com DPOC moderada a grave, em que foram utilizadas doses diárias elevadas de corticóides inalados (1500μg de D. beclometasona ou 1600μg de budesonido). Foi conseguida a manutenção do VEMS no período de 2 anos. Os autores colocararn a hipóresc de serem necessárias doses mais elevadas de corticóides inalados na terapêutica da DPOC (9).

Apesar de ainda não estar bern definido o papel dos corticóides inalados na terapêutica da DPOC, nem estabelecidas as doses ideais, os factores preditivos de resposta positiva, nem o tempo necessária para obter uma resposta positiva (6), pretende-se encontrar algumas orientaçõoes consensuais como acontece com o Projecto GOLD (Global Initiative for Obstruclive Lung Disease).

As recomendações do Projecto GOLD para a terapêutica com corticóides inalados, são: Doentes com DPOC moderada, que mantêm sintomas e limitação do débito aéreo apesar da terapêutica regular com broncodilatadores; Doentes em que é possível demonstrar uma reversibilidade significativa e consistente do VEMS (pelo menos 200ml) medido após broncodilatação; Doentes com exacerbações frequentes, bern como doentes com DPOC grave, devem receber corticoterapia inalada reguJarmente (Pauwels R., Workshop GOLD; ERS 1999) (8).

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[9.]
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Long-term effects of inhaled corticosteroids in chronic obstructive pulmonary disease: a metaanalysis.
Thórax, 54 (1999), pp. 7-14
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