Nos últimos anos tem sido descrita, no mundo ocidental, uma redução da incidência da pneumonia aguda da comunidade (PAC) nas crianças, parodoxalmente associada a maior gravidade dos casos internados. O presente estudo pretendeu caracterizar os casos de PAC internados e compará-los com um estudo anterior a 2001.
Recolhemos dados referentes a 63 internamentos, durante seis meses. Houve predomínio do grupo dos 0-2 anos. Na radiografia torácica, em 58 casos (92,1%) detectou-se condensação/atelectasia e em 17 (27,0%) derrame pleu ral (DP). Onze dos DP corresponderam a empiema (17,4% dos internamentos). Isolou-se agente bacteriano em cinco casos: Streptococcus pyogenes (dois, líquido pleural), Streptococcus pneumoniae (dois, hemocultura) e Haemophilus influenzae (um, hemocultura). Foi prescrita antibioticoterapia em 61 (96,8%) crianças. A duração mediana de internamento foi de cinco dias. Constatou-se, nos casos de DP, idade superior, maior duração de febre, proteína C reactiva mais alta e maior duração de internamento e de antibioticoterapia endovenosa. Comparativamente com o estudo anterior, constatou-se haver maior gravidade dos casos internados, traduzida por maior incidência de DP e empiema; paradoxalmente, registou-se menor duração da febre em meio hospitalar e menor duração do internamento. No estudo actual houve menor prescrição antibiótica prévia à admissão e maior prescrição de ampicilina durante o internamento.
Na literatura, a maior gravidade das pneumonias internadas nos últimos anos tem sido associada à emergência de serotipos mais agressivos de Stretococcus pneumoniae não integrados na vacina heptavalente, assumindo interesse crescente a introdução de vacinas que os incluam. As pneumonias complicadas devem ser orientadas para centros de referência com experiência no seu diagnóstico e tratamento.
Rev Port Pneumol 2010; XVI (2): 287-305
The past few years have seen a decline in community acquired pneumonia (CAP) in children in the western world, although this has gone hand-in-hand with more serious cases needing hospital admission. Our study characterises cases of CAP admitted to hospital and compares this data with a 2001 study. We collected data on 63 admissions over a six-month period. The majority were aged 0-2 years old. Chest X-ray showed consolidation/atelectasy in 58 (92.1%) and pleural effusion (PE) in 17 (27.0%), of which 11 were empyema (17.4% of all admissions). The bacterial agent was isolated in five cases: Streptococcus pyogenes (two, pleural fluid), Streptococcus pneumoniae (two, blood culture) and Haemophilus influenzae (one, blood culture). Sixty-one children (96.8%) were prescribed antibiotherapy. The median length of hospital stay was five days. Patients with PE were older, had a longer course of fever, higher inflammatory parameters, longer hospital stay and longer course of iv antibiotics. Compared to the prior study we found greater severity of CAP, with higher prevalence of PE and empyema. Nevertheless there was a shorter course of fever during hospital stay and shorter hospital stay. We also noticed less antibiotic prescription prior to admission and greater prescription of ampicillin during hospital stay.
In the literature, the higher severity of CAP has been partially attributed to the emergence of more aggressive serotypes of Stretococcus pneumoniae not included in the heptavalent vaccine. There is therefore a greater interest in new vaccines containing them. Complicated CAP should be referred to centres specialising in its diagnosis and management.
Rev Port Pneumol 2010; XVI (2): 287-305
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