Journal Information
Vol. 9. Issue 1.
Pages 86-88 (January - February 2003)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 9. Issue 1.
Pages 86-88 (January - February 2003)
REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA/AS NOSSAS LEITURAS
Open Access
Características clínicas em crianças com suspeita de aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos
Visits
4230
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
RESUMO

O objectivo deste trabalho é avaliar as características clínicas em crianças com suspeita de aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos e determinar se há algum aspecto na história clínica, no exame físico e na radiografia do tórax que tenha valor preditivo na eventual aspiração traqueobrônquica de um corpo estranho.

Os autores fizeram a revisão de todas as broncoscopias realizadas por suspeita de aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos em crianças com idade inferior a 16 anos, no período de 1990-2001.

Avaliaram as histórias clínicas de aspiração presenciada e engasgamento, os sintomas, os resultados do exame físico e as radiografias do tórax.

O total de crianças foi de 94, sendo 62 rapazes e 32 raparigas, com idade média de 46,5 meses. A broncoscopia identificou a aspiração de traqueobrônquica de corpos estranhos em 39 crianças (grupo I) e não foi identificada aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos em 55 crianças (grupo II). Cinquenta e sete crianças (61%) tiveram aspiração presenciada. No grupo I, 33 das 39 crianças (85%) tiveram aspiração presenciada enquanto no grupo II 24 das 55 crianças (44%) é que tiveram aspiração presenciada.

Das 94 crianças foi observado engasgamento em 53%. O engasgamento foi observado em 79% das crianças do grupo I, enquanto só foi observado em 35% das crianças do grupo II.

Outros sintomas como a tosse e dispneia não ajudaram o diagnostico diferencial entre aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos ou não. No exame físico não foi detectado qualquer sinal positivo de aspiração traqueobrônquica de corpo estranho. Os aspectos radiológicos também não ajudaram no diagnostico de eventual aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos, excepto se o corpo estranho for opaco.

Em crianças com suspeição de aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos engasgamento e aspiração presenciada é 7 vezes mais frequente no grupo de crianças que foi verificado por broncoscopia a aspiração de corpos estranhos do que no grupo de crianças em que não se identificou a aspiração do corpo estranho por broncoscopia.

Apesar de haver um grupo de crianças com broncoscopias negativas a broncoscopia é sempre necessária para excluir a aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos.

COMENTÁRIO

Na generalidade os sinais e sintomas na aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos não é específica, podendo aparecer noutras situações clínicas, como a pneumonia, asma, etc… Apesar dos autores verificarem uma sensibi

lidade e uma especificidade elevada para a aspiração presenciada e para o engasgamento não conseguiram estabelecer uma relação preditiva com a existência ou não de aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos em crianças.

Neste trabalho também se verificou um aspecto interessante que foi a existência de um número elevado de broncoscopias negativas mas que não permitiu que os autores não continuassem a considerar a broncoscopia como exame fundamental para excluir a existência ou não de aspiração traqueobrônquica em corpos estranhos, que é para nós um exame obrigatório sempre que há suspeita.

Os autores relacionaram o tempo entre o eventual episódio de aspiração traqueobrônquica de corpo estranho e a realização da broncoscopia com a existência ou não de engasgamento e aspiração presenciada permitiu lhes estabelecer uma relação directa entre os aspectos clínicos e a precocidade da realização da broncoscopia que segundo a nossa experiência deve ser o mais precoce possível assim que haja suspeição de aspiração. Pensamos que os autores fazem uma análise interessante tentando estabelecer um valor preditivo de sinais, sintomas e alterações radiológicas com a aspiração traqueobrônquica de corpos estranhos que contudo não conseguiram, continuando a considerar a broncoscopia como único meio de diagnóstico ou excluir a existência de corpos estranhos traqueobrônquicos.

Palavras chave:
Broncoscopia
Corpo estranho traqueobrônquico
Aspiração
Crianças
Full text is only aviable in PDF
BIBLIOGRAFIA
[1.]
F. Baharloo, F. Veyckernans, C. Francis, et al.
Tracheobronchial foreign bodies: presentationandmanagementinchildrenandadults.
Chest, 115 (1999), pp. 1357-1362
[2.]
C.A. Hughes, F.M. Baroody, B.R. Marsh.
Pediatric tracheobronchial foreign bodies: historical review from the Johns Hopkins hospital.
Ann Otol Rhinol Laryngol, 105 (1996), pp. 555-561
[3.]
A.G. Linegar, U.O. Von Oppell, S. Hegemann, et al.
Tracheobronchial foreign bodies. Experience at Red Cross Children’s Hospital. 1985 1990.
South Afr Med J, 82 (1992), pp. 164-167
[4.]
K.L. Swanson, U.B.S. Pralcash, D.E. Midthun, et al.
Flexible bronchoscopic management of airways foreign bodies in children.
Chest, 121 (2002), pp. 1695-1700
[5.]
A. Martinit, M. Closset, C.H. Marquette, et al.
In-dications for flexible versus rigid bronchoscopy in children with suspected foreign body aspiration.
Am J Respir Crit Care Med, 155 (1997), pp. 1676-1679

Journal of Bronchology 2002; 9: 276-280

Copyright © 2003. Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP
Download PDF
Pulmonology
Article options
Tools

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?