Foram estudados em dois centros americanos (Flórida e Boston) e dois espanhóis (Saragoça e Tenerife) 689 doentes entre Dezembro de 1995 e Agosto de 2003, com uma média de estudo de 34 meses.
A definição de DPOC foi: exposição tabágica> 20 UMA e FEV1/FVC pós-broncodilatador <70 %.
Foi avaliada a função respiratória (espirometria e volumes pulmonares por pletismografia), a dispneia pelo MRC, a distância pelo TM6m, BMI, índice BODE e comorbilidades pelo índice de Charlson. Foram registadas todas as causas respiratórias e não respiratórias de mortalidade.
Os doentes foram avaliados todos os 6 meses ou até à morte.
A idade média foi de 66 anos, e 95% eram homens. O FEV1 médio foi de 1,17L, IC/TLC de 28%, PaO2 de 69,8mmHg, BMI de 26, 350m no TM6m e grau 2 médio de dispneia de MRC. Os estádios de gravidade FEV1 foram: I – 2%, II – 28%, III – 45% e 1V–25%e na dispneia: 0 – 6%, 1–14%,2–36%,3–29% e 4–15%. Durante o estudo, verificaram-se 183 mortes (27%), 73% de causa respiratória. Estes doentes eram mais velhos (68 anos), apresentavam menor BMI (24), menor FEV 1 (0,95L), menor 1C/TLC (23%), 83% estavam nos estádios III e IV do GOLD, pior PaO2 (67,2), menor distância (240m), índice BODE mais alto (6,3) e 70% de graus 3 e 4 de dispneia.
A correlação entre FEV 1, IC/TLC, MRC e TM6m foi elevada e mais baixa com Pa02, BMI e índice de comorbilidades.
O ponto de corte definido para separar populações em IC/TLC foi de 25% por apresentar sensibilidade de 71% e especificidade de 69%. Com uma relação IC/TLC> 25% estavam 58% dos doentes e abaixo de 25% os restantes (42%).
A mortalidade nos doentes com IC/TLC <25% foi de 71% versus 29% nos IC/TLC> 25%.
O índice BODE, TM6m, IC/TLC e índice de Charlson foram os melhores preditores de mortalidade global e estes mais a dispneia (MRC) para mortalidade de causa respiratória. A relação IC/TLC foi independente do índice BODE como factor preditivo de mortalidade. A correlação entre IC/TLC, MRC e TM6m foi significativa mas não superior à obtida para o FEV1, o que significa que IC/TLC traduz alteração funcional pulmonar, mas de uma forma diferente da do FEV1. Também IC/TLC se correlaciona melhor com o BMI do que FEV1, reflectindo melhor o impacto da gravidade da DPOC.
Uma vez que IC/TLC é um excelente parâmetro preditivo de mortalidade, poderá ser esta a explicação para a redução na mortalidade dos doentes que efectuaram cirurgia de redução de volume no estudo NETT.
Por último, Celli e o seu grupo propõem que a relação IC/TLC seja designada por «Fracção Inspiratória» por analogia com a “Fracção de Ejecção” utilizada pela cardiologia e de elevado significado clínico.
Assim, estes autores recomendam a medição de IC/ /TLC ou Fracção Inspiratória com os outros parâmetros funcionais clássicos para uma avaliação correcta dos doentes com DPOC.
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