Neste estudo, os autores decidiram identificar as principais complicações relacionadas com a Broncoscopia Rígida (BR) e analisar os factores de risco possíveis.
O estudo foi realizado num hospital universitário entre 1992 e 1999, tendo sido revistas 775 BR realizadas neste período. A maioria dos doentes eram homens (72%) com uma média de idades de 47 anos.
O cancro do pulmão foi diagnosticado em 53,4%, as estenoses traqueais constatadas em 10,8% dos doentes e os corpos estranhos foram observados e retirados em 20% dos casos.
A laserterapia foi efectuada em 44,7% dos doentes e só foram realizadas 25,4% de BR com fins diagnósticos.
As complicações observadas em 13,4% dos doentes são de média gravidade. Nesta série de BR revistas houve 3 mortes (1 por insuficiência respiratória e 2 por hemorragia grave durante o procedimento técnico).
Analisados os resultados, os autores constataram que o sexo, a idade e o objectivo da BR não estão relacionados com a maior incidência das complicações. Constataram ainda que a BR é actualmente uma técnica particularmente com objectivos terapêuticos e é segura desde que a avaliação dos riscos pré-operatórios seja efectuada segundo os critérios estabelecidos.
Nesta série de complicações major foram raras (mortalidade 0,4%), contudo houve um aumento da incidência de complicações relacionadas com factores de risco graves (respiratórios, cardíacos, hematológicos), com o envolvimento da carina, com doenças neoplásicas em estádio avançado e com a extracção de corpos estranhos.
COMENTÁRIOApesar do desenvolvimento da broncofibroscopia, a BR continua a ter uma grande importância como técnica endoscópica, particularmente na broncologia de intervenção.
Os autores constataram na sua revisão que a BR actualmente é usada a maior parte das vezes com fins terapêuticos – laserterapia, colocação de próteses e extracção de corpos estranhos.
As complicações constatadas foram relacionadas com a técnica (laceração da traqueia, perfuração brônquica e pneumotórax) e com a anestesia (hipoxemias e arritmias) conforme a experiência de outros centros de referência. Relacionando as complicações com os factores de risco pré-operatório, foi constatado um aumento de maior incidência de complicações nos doentes com factores de risco mais graves. A maior incidência de complicações parece também estar relacionada com as intervenções de maior risco técnico, tais como o tratamento local de tumores em estádio avançado, a dilatação das estenoses traquiais e brônquicas e a extracção de corpos estranhos.
A mortalidade nesta análise retrospectiva foi baixa (0,4%), assim como as complicações major já referidas.
Assim, como os autores, achamos que a BR deve ser realizada em centros com o armamentarium ideal e com experiência nos vários procedimentos. Consideramos também a BR uma técnica endoscópica de grande valor, podendo ser life-saving e melhorar de forma satisfatória a qualidade de vida dos doentes, conforme afirmam os autores na discussão do seu trabalho.
Journal of Bronchology 2003; 10(3): 177-182
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