Objectivo: Caracterizar a incidência e a mortalidade verificada nos internamentos de adultos com pneumonia da comunidade ao nível global e regional de Portugal Continental.
Doentes e métodos: Utilizou-se a base de dados clínica do Instituto de Gestão e Informática Financeira do Ministério da Saúde, que possui a informação codificada da nota de alta de todos os internamentos em instituições englobadas no Serviço Nacional de Saúde de Portugal Continental. Analisaram-se retrospectivamente todos os internamentos ocorridos nos anos de 1998, 1999 e 2000 com o diagnóstico principal de internamento de pneumonia (ICD9: 480 a 486 e 487.0), com exclusão dos doentes infectados com o vírus da imunodeficiência humana.
Resultados: De 1998 a 2000, os internamentos de adultos com pneumonia representaram cerca de 3% do número total de internamentos. Determinou-se uma incidência anual média de 2,66 internamentos por pneumonia por 1000 habitantes adultos e de 9,78 por 1000 habitantes com idade≥65 anos. A idade média dos adultos internados foi de 70 anos, com 71,6 dos doentes a apresentarem idade≥65 anos. Admite-se que 25 a 50 dos adultos com pneumonia da comunidade sejam hospitalizados. A taxa de mortalidade dos adultos internados foi de 17,3, sem diferença significativa entre os sexos. A mortalidade aumentou para 21,5 e 24,8 nos indivíduos com idade≥65 e≥75 anos, respectivamente. Em média, 2,8 dos adultos internados foram submetidos a ventilação mecânica e a sua taxa de mortalidade foi de 43,9. A incidência dos internamentos por pneumonia da comunidade e a sua mortalidade apresentaram diferenças ao nível das diferentes regiões de Portugal Continental. A incidência anual dos internamentos por pneumonia por 1000 habitantes adultos, na região Centro, foi superior ao dobro do valor verificado na região Norte e no Algarve e a taxa de mortalidade aumentou do norte para o sul do país, com uma variação superior a 50 no Algarve em relação à região Norte.
Conclusões: Em comparação com os valores referenciados na literatura internacional, a incidência dos internamentos por pneumonia da comunidade apresenta resultados semelhantes, enquanto a taxa de mortalidade hospitalar é mais elevada. Parece-nos fundamental a realização de mais estudos para caracterizar melhor a nossa realidade e tentar compreender as razões das discrepâncias regionais, de modo a permitir a eventual implementação de medidas que visem a diminuição da taxa de mortalidade.
REV PORT PNEUMOL 2003; IX (3): 187-194
Objective: To characterise the incidence and mortality in adult inpatients with community-acquired pneumonia at a global and regional level in mainland Portugal.
Patients and methods: We used the clinical database belonging to the Ministry of Health’s Instituto de Gestão e Informática Financeira (Institute of Financial Management and Informatics), which contains the encoded information from the discharge letters from all hospitalisations at National Health Service institutions in mainland Portugal. We conducted a retrospective analysis of all hospitalisations in 1998, 1999 and 2000 with a main diagnosis of pneumonia on admission (ICD9: 480 to 486 and 487.0), excluding patients infected with the human immunodeficiency virus.
Results: From 1998 to 2000, hospitalisation of adults with pneumonia represented about 3 of the total number of admissions. We determined an average annual incidence of 2.66 hospitalisations for pneumonia per 1 000 adult inhabitants and of 9.78 per 1 000 inhabitants aged≥65. The average age of the adults interned was 70, with 71.6 of the patients aged≥65. We believe that 25 to 50 of adults with community-acquired pneumonia are hospitalised. The mortality rate of adults hospitalised was 17.3, with no significant difference between the sexes. Mortality rose to 21.5 and 24.8 in individuals aged≥65 and≥75, respectively. On average, 2.8 of the adults admitted were given mechanical ventilation and their mortality rate was 43.9. The incidence of hospitalisations for community-acquired pneumonia and its mortality differed from region to region in mainland Portugal. The annual incidence of admissions for pneumonia per 1 000 adult inhabitants in the central region was double that in the northern region and the Algarve and the mortality rate increased from north to south of the country, with a difference of more than 50% in the Algarve in relation to the northern region.
Conclusions: The incidence of hospitalisations for community-acquired pneumonia is comparable to the figures published in the international literature, though the hospital mortality rate is higher. We feel that it is essential to conduct more studies with a view to a more detailed characterisation of the situation in Portugal and a better understanding of the reasons for the discrepancies between the regions. This would possibly also enable us to implement measures to reduce the mortality rate.
REV PORT PNEUMOL 2003; IX (3): 187-194
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