Journal Information
Vol. 9. Issue 3.
Pages 437-439 (May - June 2003)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 9. Issue 3.
Pages 437-439 (May - June 2003)
AS NOSSAS LEITURAS/OUR READINGS
Open Access
Resultados a curto e longo prazo de moxifloxacina comparada com o tratamento antibiótico convencional nas exacerbações agudas da bronquite crónica (Estudo MOSAIC)
Visits
4142
R. Wilson, L. Allegra, G. Huchon, J.L. Izquierdo, P. Jones P. Sagnier, Mosaic Study Group
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
RESUMO

O objectivo do estudo, multicêntrico e multinacional, foi o de comparar a efectividade do tratamento oral de 5 dias de moxifloxacina com o tratamento antibiótico convencional de 7 dias (amoxicilina, cefuroxime ou claritromicina) nas EABC.

Mil novecentos e trinta e cinco doentes foram seleccionados segundo os seguintes critérios: idade superior a 45 anos com bronquite crónica estável, carga tabágica superior a 20 UMA, 2 ou mais EACB no último ano e FEV1 inferior a 85% da referência (estado basal pré-exacerbação).

A randomização de 733 doentes, estratificada por corticoterapia associada ou não, foi efectuada na presença de uma EABC que cumprisse os critérios de Anthonisen de tipo I em dois braços: 5 dias de moxifloxacina (400mg/d) versus 7 dias de um de 3 antibióticos seleccionados pelo investigador, segundo os seus próprios critérios clínicos; amoxicilina (500mg 3xd), cefuroxime (250mg 2xd) ou claritromicina (500mg 2xd).

A avaliação primária de resultados consistiu no sucesso clínico (melhoria clínica e não haver necessidade de mudança de antibiótico) e as secundárias, cura clínica (regresso ao estado basal pré-exacerbação), necessidade subsequente de antibioterapia, tempo até à próxima exacerbação e sucesso bacteriológico.

As avaliações subsequentes à randomização foram efectuadas 7 a 10 dias após o início do tratamento e mensalmente até a uma nova exacerbação ou decorridos 9 meses.

A moxifloxacina foi equivalente aos outros antibióticos na variável primária – sucesso clínico (87,6% vs 83%).

No entanto, a moxifloxacina foi significativamente superior na cura clínica (70,9% vs 62,8%) e sucesso bacteriológico (91,5% vs 81%). Cerca do dobro dos doentes no braço antibiótico convencional (14,1%) necessitaram de antibioterapia sistémica subsequente contra 7,6% no braço moxifloxacina.

A superioridade da moxifloxacina em relação à terapêutica de referência manteve-se quando se consideraram os subgrupos de prognóstico, nomeadamente o número de exacerbações no ano anterior, idade dos doentes, obstrução das vias aéreas, duração da doença e doenças concomitantes (nomeadamente cardíaca)

A moxifloxacina demonstrou uma erradicação bacteriológica superior na população microbiologicamente válida (devido, em grande parte, à persistência de H. influenzae nos grupos de referência).

Foi utilizado um número significativamente maior de antibióticos para tratamento das exacerbações no grupo dos fármacos de referência durante o período de seguimento, devido a falências terapêuticas neste grupo, comparativamente com a moxifloxacina.

O tempo até à próxima exacerbação foi significativamente superior com moxifloxacina (131 dias vs 103 dias) e a ocorrência de falência, nova exacerbação ou novo antibiótico foi muito inferior até aos 5 meses.

COMENTÁRIOS

Está demonstrada a eficácia da terapêutica antibiótica no tratamento das EABC do tipo I e do tipo II de Anthonisen.

É com base nestes critérios que os estudos com antibióticos têm sido realizados comparando a “não inferioridade” (equivalência) clínica e bacteriológica dos mais recentes antibióticos — β-lactâmicos (com inibidores das blactamases), cefalosporinas, macrólidos e quinolonas — relativamente aos mais antigos (ampicilina, tetraciclina e cotrimoxazole).

No entanto, estes estudos têm excluído doentes graves, com comorbilidades, assim como não estudam apenas doentes com DPOC (isto é, com obstrução das vias aéreas), pois incluem doentes de idades mais jovens e ainda sem obstrução.

Este estudo MOSAIC foi desenhado para avaliar a eficácia do tratamento das exacerbações infecciosas (critérios de Anthonisen) em doentes com DPOC (obstrução) de 5 dias com moxifloxacina comparativamente a um regime terapêutico convencional de 7 dias (amoxicilina, cefuroxime ou claritromicina).

Este é o primeiro estudo concebido especificamente para avaliar a efectividade de um antibiótico (moxifloxacina) nas exacerbações infecciosas de doentes com DPOC.

É de lamentar que estes doentes sejam aqui designados de bronquíticos crónicos, o que não é rigoroso, mas parece que os motivos se prendem com a aprovação pelas entidades reguladoras dos medicamentos.

Outro aspecto também ligado à aprovação por essas entidades prende-se com a demonstração de equivalência clínica de um novo antibiótico, o que ficou demonstrado neste estudo.

Ora, se é equivalente, porquê utilizar o antibiótico mais recente, se os antibióticos mais convencionais atingem taxas de sucesso iguais quando avaliadas aos 7 a 10 dias?

Este é o aspecto fundamental deste estudo, e a utilizar em futuros ensaios, uma vez que fica demonstrado que parâmetros de médio e longo prazos (superiores aos 7 a 10 dias) na DPOC são fundamentais como critérios de avaliação de efectividade clínica de um novo antibiótico nas exacerbações agudas da DPOC.

Aguardam-se os resultados deste estudo no que respeita à qualidade de vida e à fármaco-economia.

Por fim, é de salientar que este estudo contou com a participação de 2 centros portugueses (H. Pulido Valente - Dr.ª Cecília Nunes, e H. S. João Dr. João Almeida), o que nem sempre acontece com outros estudos multinacionais no âmbito da DPOC e asma.

Full text is only aviable in PDF
BIBLIOGRAFIA

Ver editorial no mesmo número do Chest de Miravittles – “No More Equivalence Trials for Antibiotics in Exacerbations of COPD, Please”.

Chest 2004; 125: 953

Copyright © 2003. Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP
Download PDF
Pulmonology
Article options
Tools

Are you a health professional able to prescribe or dispense drugs?