Em 1977, Cunningham e col. demonstraram que, nos doentes urémicos sujeitos a broncofibroscopia com biopsias, 45% tiveram hemorragias.
Actualmente, não há trabalhos publicados que avaliem este risco.
Os autores resolveram avaliar os processos de todas as broncofibroscopias realizadas entre 1997 e 2002 no Hospital de Bellvue, Nova Iorque, registando os resultados da ureia, da creatinina, do hemograma, do estudo da coagulação, do tipo de biópsias executadas da pré-medicação e das complicações.
Os doentes eram incluídos nos trabalhos desde que tivessem a ureia superior ou igual a 30mg/dl e/ou a creatinina superior ou igual a 2,0mg/dl. Perante estes critérios foram incluídos no estudo 72 doentes.
Vinte e cinco doentes dos 72(35 %) foram submetidos a biopsias. Sete dos 25 (28 %) foram hemodializados e 18 dos 25(72 %) não foram hemodializados. Todos os doentes hemodializados foram submetidos à broncofibroscopia 24 horas depois da hemodiálise e foram submetidos a uma perfusão de desmopressina pré-broncofibroscopia, e um doente com coagulopatia recebeu plaquetas e plasma fresco.
Os doentes hemodializados submetidos a biópsias tinham valores de ureia que oscilavam entre 31-65mg/ /dl e valores de creatinina que oscilavam entre 5,2-18,7mg/dl, e o único doente deste grupo que fez punção aspirativa transbrônquica tinha uma ureia de 32mg/dl e uma creatinina de 4,3mg/dl.
Em doze dos 18 doentes não submetidos a hemodiálise e submetidos a biópsias, os valores de ureia oscilavam entre 20-69mg/dl e os valores de creatinina entre 0,9-2,5mg/dl. Deste grupo, os quatro doentes que foram submetidos a punção aspirativa transbrônquica tinham valores de ureia entre 20-62mg/dl e valores de creatinina entre 1,1-4,5mg/dl. Os dois doentes sujeitos a biópsias e punção aspirativa transbrônquica tinham valores de ureia de 30 e 35mg/dl e valores de de 1,4 e 1,5mg/dl. Um dos 25 doentes não hemodializados teve uma complicação major, hemorragia maciça que obrigou a intervenção. Um outro deste mesmo grupo teve apenas uma hemorragia minor.
Não houve complicações nos doentes hemodializados.
Estes resultados sugerem que não há tantas complicações como seria de esperar nos doentes com insuficiência renal, como demonstrou Cullingam e col. em 1977. Mostram que não há complicações nos doentes hemodializados e sujeitos a uma perfusão de desmopressina antes de ser efectuada a broncofibroscopia.
Estes dados obrigam à realização de novos estudos para avaliar de facto se as biópsias broncoscópicas são uma contra-indicação relativa na insuficiência renal.
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