A broncofibroscopia possui um papel no diagnóstico e terapêutica das lesões iniciais do sistema respiratório, secundárias a queimaduras e inalação de fumo. Poucos trabalhos têm descrito as lesões da árvore brônquica encontradas na fase tardia pós-inalação.
Os autores deste artigo investigaram as alterações histopatológicas da traqueia e brônquios na fase inicial e tardia pós-inalação. Cinco doentes sobreviventes a queimaduras e lesão da árvore brônquica por inalação foram avaliados, numa fase inicial e tardia através de broncofibroscopia, com realização de biópsias da mucosa. Numa fase tardia e apesar de a mucosa traqueobrônquica se apresentar praticamente recuperada macroscopicamente, persiste a nível histológico a invasão por células inflamatórias e dilatação dos capilares na região subepitelial. Nos casos de lesão por inalação com queimadura grave, o edema pulmonar e brônquico tornam-se mais prolongados, assim como o aumento das secreções brônquicas.
Nalguns doentes, a produção exagerada e contínua de secreções brônquicas ocasiona quadros de obstrução e atelectasia. Os autores referem ainda que os achados broncoscópicos e histológicos encontrados na fase de cicatrização podem possuir um papel preditivo a longo prazo na função pulmonar dos doentes sobreviventes. Consideram ainda que a limpeza agressiva da árvore brônquica, com remoção de partículas estranhas inaladas e das secreções, é útil na redução da resposta inflamatória e obstrutiva pós lesão inalatória.