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Vol. 13. Issue 2.
Pages 175-212 (March - April 2007)
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Pulmão profundo – Reacção celular ao VIH
Deep lung – Cellular reaction to HIV
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Maria Alcide Tavares Marques1, Vera Alves2, Victor Duque3, M. Filomena Botelho4
1 Departamento de Ciências Pneumológicas e Alergológicas dos Hospitais da Universidade de Coimbra (Director: Prof. Doutor M Fontes Baganha)
2 Instituto de Imunologia da Faculdade de Medicina de Coimbra (Director: Prof. Doutor Santos Rosa)
3 Departamento de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra (Director: Prof. Doutor Meliço Silvestre)
4 Instituto de Biofísica/Biomatemática da Faculdade de Medicina de Coimbra(Directora: Prof.ª Doutora M Filomena Botelho)
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Resumo

A evolução da infecção VIH é caracterizada por uma grande variabilidade individual. Na verdade, como em outros processos da mesma natureza, depende largamente das complexas inter-relacções que num dado momento se estabelecem entre o hospedeiro e o agente agressor. Contudo, nesta infecção, essa correlação assume um papel determinante. Desde o início da pandemia que o pulmão se assumiu como alvo preferencial de complicações, quer de origem infecciosa quer de outras etiologias. A esta inevitabilidade biológica diríamos não serem de facto estranhas as características anatomo-funcionais do órgão, enquanto interface privilegiada entre o meio interno e o ambiente exterior, aliadas a particularidades de ordem imunológica que o tornam, sob muitos aspectos, um órgão único.

Cedo se constatou que esta infecção se acompanhava de uma disfunção imunológica progressiva que culminava na completa exaustão deste sistema nas fases terminais da doença. Desde o reconhecimento da SIDA até à presente data foram sendo adquiridos enormes conhecimentos não só em relação ao vírus, como aos seus mecanismos patogénicos, no entanto subsistem ainda numerosas questões para as quais o estado da arte ainda não dispõe de respostas. Nessas incluíriamos os efeitos do VIH na dinâmica celular do pulmão. Vários estudos efectuados, nos quais tivemos oportunidade de participar, demonstraram a apresença de uma alveolite linfocitária durante a fase assintomática da infecção. Desde essa altura têm-se vindo a adquirir novos conhecimentos relativos aos mecanismos imunológicos e bioquímicos subjacentes à entrada do VIH nas células, às células-alvo, ao microambiente citocínico, assim como de outros mediadores celulares envolvidos. Neste contexto, a descoberta de que receptores específicos de quimiocinas actuavam como co-receptores para o VIH abriu definitivamente um novo capítulo na investigação dirigida aos mecanismos responsáveis pelo tropismo viral e infecção celular. Neste âmbito, vários autores têm salientado a importância, para além da molécula CD4, dos receptores quimiocínicos CCR5 e CXCR4 na ligação e, posteriormente, na entrada do vírus nas células, reconhecendo-se em relação ao primeiro uma importância fundamental na transmissão da infecção, enquanto que o CXCR4 parece ser utilizado por estirpes virais que emergem tardiamente no decurso da doença, quer isoladamente, quer em associação com o CCR5.

Objectivo: O nosso estudo dirigiu-se fundamentalmente à avaliação da dinâmica celular do pulmão profundo em doentes com SIDA, abarcando a determinação das cargas virais no líquido de lavagem broncoalveolar (LLBA), a celularidade envolvida nos mecanismos de defesa desse território e tropismo viral, através dos receptores quimiocínicos CCR5 e CXCR4.

Material: Estudámos 14 doentes portadores de SIDA, com uma média de idades de 39 ± 14,3 anos (9 homens e 5 mulheres) todos infectados pelo VIH1, heterossexuais, dos quais 6 eram fumadores e 8 não fumadores, e sem antecedentes de toxicodependência. Estes doentes foram referenciados pelo Deparamento de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra para a realiza-ção de broncofibroscopia e lavagem broncoalveolar (LBA), por suspeita clínica de infecção pulmonar oportunista. Posteriormente, este conjunto de doentes seria dividido e analisado em dois grupos: Grupo I, designado por diagnóstico recente e Grupo II, englobando os de diagnóstico não recente. De facto, embora todos estes doentes fossem portadores de SIDA, a Amostra Clínica era constituída por indivíduos com infecções oportunistas de diagnóstico recente, nos quais ainda não tinha sido instituída terapêutica anti-retroviral, primeiro grupo, enquanto o segundo grupo incluía doentes com doença mais prolongada, com vários episódios infecciosos oportunistas e tratamento antiretroviral, para além de outros esquemas terapêuticos.

Métodos: Todos os doentes após, consentimento informado, foram submetidos a exame broncoendoscópico e LBA, após anestesia local da orofaringe e cordas vocais com lidocaína a 2%, sob monitorização cárdio--respiratória. O LBA foi efectuado com base nas alterações evidenciadas pela telerradiografia do tórax: lobo médio nas lesões difusas, ou outro brônquio segmentar correspondente a alterações radiológicas localizadas A determinação das cargas virais no líquido de lavagem broncoalveolar (LLBA), em 9 doentes, foi efectuada pela quantificação do ARN-VIH1, através de PCR-RT, nas primeiras 4horas após a colheita (sendo cada amostra centrifugada), procedendo-se posteriomente nas aliquotas do sobrenadante à congelação a menos 80° C, até à extracção e amplificação dos ácidos nucleicos. Realizou--se igualmente, na totalidade da amostra, a determinação das viremias plasmáticas (14 doentes), a partir de amostras de sangue colhido em EDTA, com processamento ulterior (separação do plasma e congelamento a menos 80°C). A extração e amplificação dos ácidos nucleicos foi efectuada por um método automatizado Cobas Ampliprep/Cobas Amplicor HIV1 Monitor TM Test, version 1.5 Roche Diagnostic Systems. Este método permite a obtenção duma sequência de 155 nucleótidos situada numa região altamente conservada do gene gag. Os resultados foram observados numa escala numérica com uma variação dinâmica situada entre as 50 e 750 000 cópias de ARN VIH1/cm3, procedendo-se posteriormente à sua conversão logarítmica. No LLBA (10 doentes) e no sangue (13 doentes) foi efectuado um estudo imunológico, dirigido à quantificação das populações e subpopulações linfocitárias: CD3, CD4, CD8, CD19, CD56 e CD56CD8, assim como dos receptores: CD3CCR5, CD4CCR5, CD8CCR5, CCR5Mø, CXCR4, CD3CXCR4, CXCR4CD14 e da molécula de co-estimulação CD28, CD3CD28, CD4CD28, CD8CD28 através de anticorpos monoclonais – CD8FITC, CD19FITC, CD3PE, CD56PE, CD4PECY5-Lymphogram Cytognos; CCR5PE, CXCRFITC-R & D Systems; CD8Cy5 e CD3Cy5 - DaKo, CD4PE, CD14PE, CD28FITC – Immunotech; CD4FITC-CLB, CD8Percp – Beckton Dickinson e CD3 APC – Beckton Dickinson, por citometria de fluxo (Facs Calibur-Beckton-Dickinson) a 3 ou 4 fluorescências – FL1-FITC, FL2-PE, FL3-PECY, FL4--APC. Na análise estatística dos resultados foram utilizados os testes t -Student e de correlação linear.

Resultados: Salientamos os seguintes: presença do vírus no LLBA (2,95 log ± 3,08 log), embora em quantidades inferiores às detectadas no sangue (5,89 log ± 5,90) e grande varibilidade das cargas virais, tanto no sangue como no LLBA, independente do período de tempo entre o diagnóstico e a realização do exame; as populações e subpopulações linfocitárias no sangue (Quadro V), em 13 doentes, mostraram uma queda acentuada, tanto dos linfócitos totais como das suas populações e subpopulações, que atingia maior expressão nas células T-CD4. Apenas em 2 casos (doentes n.os 12 e 13) esta subpopulação era superior a 250 células/mm3 e em 42,9% era inferior a 50 células/mm3. A população CD19 encontrava-se igualmente em níveis inferiores ao normal com uma distribuição individual semelhante à da subpopulação CD4. Na maior parte dos casos, a diminuição dos CD8 acompanhava a redução dos CD4 e CD19 (doentes n.os 7 e 8); na LLBA (Quadro VI), o estudo das populações e subpopulações linfocitárias (10 doentes) revelou uma distribuição percentual seme-lhante à que foi observada no sangue (Quadro VII) em relação às células CD3, CD19, CD4 e CD8, embora no LLBA a percentagem de linfócitos-T fosse superior neste meio em relação ao sangue(94,5 ± 5 /84,1 ±10,4), ao contrário do que se observou nos linfócitos-B (2,2 ±3 /10,4 ± 9,6). Também no LLBA se verificou uma percentagem mais elevada de linfócitos-T CD8 do que no sangue (77,7 ± 17,6 /67,6 ± 4,2), o que não se observou em relação às células T-CD4 (8,1 ± 9,5 LLBA vs.10,4 ± 9,6 no sangue); a actividade natural killer (NK) expressa pelas células T CD56 apresentava importantes variações individuais em ambos os meios, mas com valores mais elevados no sangue do que no LLBA (9,1 ±8/2,9 ±1,9); quanto à actividade citotóxica avaliada através das células CD56CD8, era similar no LLBA e no sangue (2,2 ± 2/1,7± 1,2), parecendo, contudo, que a distribuição individual era mais homogénea no primeiros destes meios (Quadros VI e VII); as céulas duplamente negativas (DN) apresentavam-se com valores ligeiramente mais elevados no LLBA (7,6 ± 4,5 vs 5,6 ± ± 5,3). Curiosamente, neste meio observa-se uma percentagem elevada das células menos diferenciadas (13 ± 13,6) (Quadro VI). A análise dos receptores celulares CCR5 e CXCR4 mostrou, em termos globais e médios, diferentes comportamentos entre si e em relação aos meios biológicos (Quadros VI e VII). Assim, o CCR5 CD3 era mais elevado no sangue (10,9 ± 13,2) do que no LLBA (8,4 ± ± 3,5); no entanto, o CCR5 CD4 e a CCR5 CD8 encontravam- se em maior percentagem no LLBA do que no sangue (2 ± 2,3 e 4,9 ± 3,7/0,9 ± 0,7 e 4,1 ± 4,0 respectivamente). No que diz respeito aos valores deste receptor na linha monocítica-macrofágica ele apresentava-se muito mais elevados no LLBA (77,8 ± 41 no LLBA vs. 18,7 ± ± 15 no sangue). Pelo contrário, o CXCR4 total era mais elevado no LLBA 31 ± 19,9) do que no sangue (16,4 ± ± 8,1); esta tendência manisfestava-se igualmente em relação aos linfócitos-T (26,6 ± 19,8 vs. 10,7 ±7,6) e à linha monocítica-macrofágica, aliás, de uma forma exuberante (84,5 ± 30,2 / 4,8 ± 4,6). A actividade co-estimulatória CD28 mostrou-se superior no sangue (22,8 ± 16,2) em comparação com o LLBA (15,9 ± 10,1) para as células T totais, CD4 e CD8 (22,5 16,7 ; 7,8 ± 8,3 ; 13,3 ± 8,3 / / 16,5 ± 10,5 ; 2,9 ± 2,8 ; 10,8 ± 8,0, respectivamente).

Conclusões: 1. A infecção VIH é reponsável por extensas e diversificadas alterações nos mecanismos de defesa do pulmão profundo. 2. A complexa interacçãoo entre o hospedeiro e o agente agressor , bem como a resposta imunológica, particularmente a natural killer e citotóxica, apoptose e doenças oportunistas, ou outras, podem dificultar a obtenção de amostras médicas homogéneas. Para além disso, considerações de ordem ética restringem, naturalmente, a abordagem destes doentes com finalidades exclusivamente científicas. 3. Os resultados obtidos apontam tendencialmente para uma resposta pulmonar compartimentada à agressão VIH, com base na dinâmica celular envolvida e no perfil dos receptores encontrado nos líquidos biológicos estudados. Neste contexto, esta compartimentação parece estar particularmente na dependência da actividade dos macrófagos alveolares que constituem, desde o início, o eixo fundamental destes processos, representando o último mecanismo celular de defesa deste território, quando os outros estão já profundamente alterados. 4. O estudo da dinâmica dos receptores quimiocínicos pode vir a ter importantes implicações terapêuticas. De facto, foi já demonstrado que o bloqueio do receptor CCR5 não foi acompanhado por um aumento da expressão do receptor CXCR4. Neste estudo tivemos oportunidade de verificar que o CXCR4 se manteve elevado nas células monocíticas-macrofágicas durante a doença, aumentando a sua expressão nos linfócitos T nos doentes do Grupo II, ao contrário do comportamento do CCR5 no LLBA, que diminuía significativamente. No sangue, porém, a expressão do CCR5 aumentava. 5. A elevada co-existência de infecções oportunistas (71,4%) leva-nos a colocar a hipótese de que a modulação induzida pelos germes possa contribuir para a elevada expressão do CXCR4. 6. Finalmente, esta tão marcada variabilidade individual tem indiscutivelmente implicações clínicas. Em termos gerais, podemos dizer que, para uma mais correcta abordagem terapêutica, cada doente deve ser prévia e individualmente analisado neste contexto.

Palavras-chave:
Lavagem broncoalveolar
SIDA
celularidade
receptores CCR5 e CXCR4
Abstract

The course of HIV infection is accompanied by a wide individual variability. The complex and large interplay between host and viral factors is crucial in the disease's evolution. The lung has been recognised from the beginning of the disease as one of the main targets of infectious and non-infectious complications of AIDS. In this setting both anatomic and immunologic particularities of this organ play an important role.

The hallmark of HIV is progressive immune dysfunction. Despite the intensive research into the pathogenesis, several questions remain to be answered on the dynamic effects of HIV on pulmonary cells. Previous studies in which we have participated showed the early presence of lymphocytic alveolitis from the asymptomatic phase of infection. Since then, many collected data has brought new insights into the immune and biochemical mechanisms involving HIV cell entry, as well as target cells, cytokines and other cellular mediators.

In this context, the discovery that specific chemokine receptors could act as co-receptors for HIV, allowed a better understanding of the mechanisms underlying viral cellular entry and tropism. On this issue several authors have reported that in addition to the CD4 molecule, most strains of HIV use the chemokine receptor CCR5 for viral attachment and entry into the host cells. This receptor seems to be very important in disease transmission, whereas CXCR4 receptor tends to be used by the viral strains that emerge later in the disease in addition to or instead of the CCR5.

Aims

To evaluate the pulmonary cellular dynamics in AIDS patients regarding the viral load in bronchoalveolar lavage fluid (LLBA), as well as cellularity and tropism through CCR5 and CXCR4 receptors.

Material

14 AIDS patients were enrolled in this study, with a mean age of 39 ± 14.3 years (9 males and 5 females) all HIV1, heterosexuals, 6 smokers and 8 non-smokers, none of them drug addicts. These patients were referred to bronchoscopy with BAL, for clinical suspicion of opportunistic lung infections. These patients were later divided into two groups: Group I (recent diagnosis) and Group II (non-recent diagnosis). While all patients had AIDS, group I had also recent diagnosis of oportunistic infections and had not received yet anti-retroviral therapy whilst group II had a long-term disease evolution with several opportunistic episodes and anti-retroviral therapeutic.

Methods

BAL was performed both in the middle bronchus in diffuse or in other segmentar bronchus, depending on radiographic abnormalities. Plasma viral load was performed through PCR-RT in blood samples with EDTA, centrifuged and frozen (-80° Celsius) in the first 4 hours after being collected. The viral load in BALf was quantified in 9 patients using the automatized Cobas Ampliprep/Cobas Amplicor HIV1 Monitor TM Test, version 1.5 Roche Diagnostic Systems. The results were expressed in a numeric scale, with a dynamic variation of 50-750.000 copies of RNA HIV1/cm3 and later converted into a logarithmic scale.

In 10 patients an immunological study was carried out in BALf and blood to quantify the lymphocyte populations and subsets (CD3, CD4, CD8, CD19, CD56 and CD56CD8) as well as the receptors CD3CCR5, CD4CCR5, CD8CCR5, CCR5Mø, CXCR4, CD3CXCR4, CXCR4CD14 and co-stimulatory molecule CD28, CD3CD28, CD4CD28, CD8CD28 through monoclonal antibodies – CD8FITC, CD19FITC, CD3PE, CD56PE, CD4PECY5-Lymphogram Cytognos; CCR5PE, CXCRFITC-R & D Systems; CD8Cy5 and CD3Cy5-DaKo, CD4PE, CD14PE, CD28FITCImmunotech; CD4FITC-CLB, CD8Percp-Beckton Dickinson and CD3 APC – Beckton Dickinson, by flow cytometry (Facs Calibur-Beckton-Dickinson) with 3 or 4 fluorescences – FL1--FITC, FL2-PE, FL3-PECY, FL4-APC. In the statistical analysis, we used the Student t-test, and linear correlation.

Results

Presence of HIV1 in BALf (2.95 log ± 3.08 log), in small levels compared with plasma viral loads (5.89 log ±5.90 log) (Table IV). There was great variability of viral loads in BALf as there was in blood independent of the time elapsed between diagnosis and the exam.

As for the lymphocytic populations and subsets in blood (Table V) determined in 13 patients, there was a significant fall of total lymphocytes as well as of their subsets, although more marked in CD4 cells; 42.9% had CD4 levels < 50 cels/mm3 and only 2 patients (n° 12, 13) had CD4> 250 cels/mm3. The CD19 was reduced with an individual distribution similar to the CD4 subset. In most cases, the fall of CD8 accompanied the decrease of CD4 and CD19 (patients-n° 7 and 8). The lymphocyte populations and subsets in BALf (10 patients) (Table VI) showed a percentual distribution similar to that observed in blood (Table VII) for CD3, CD19, CD4 and CD8 lymphocytes, although the percentage of T cells was higher than in blood (94.5 ± 5 /84.1 ±10.4) as opposed to B cells (2.2 ±3 /10.4 ± 9.6). In BALf CD8 T cells were higher than in blood (77.7 ± 17.6 /67.6 ± 4.2), which was not observed for the CD4 lymphocytes (8.1 ± 9.5 BALf vs.10.4 ± 9.6 in blood). The natural killer activity expressed by CD56 T cells had important individual variations in both biological fluids: higher levels in blood than in BALf (9.1 ±8 /2.9 ±1.9). The cytotoxic activity of CD56CD8 was similar in blood and in BALf (2.2 ± 2 / 1.7± 1.2) while the individual distribution seemed more homogeneous in BALf (Table VI) than in blood (Table VII). The double-negative (DN) cells had slightly higher values in BALf (7.6 ± 4.5 vs 5.6 ± 5.3). Curiously, in BALf we observed a higher percentage of less differenciated cells (13 ± 13.6) (Table VI). The analysis of the receptors CCR5 and CXCR4 showed in general terms different behaviour concerning the two biological means (Tables VI and VII). Thus, the CCR5 CD3 was higher in blood (10.9 ± 13.2) than in BALf (8.4 ± ± 3.5) while the CCR5 CD4 and CCR5 CD8 had an increased expression in BALf in relation to blood (2 ± 2.3 and 4.9 ± 3.7 / 0.9 ± 0.7 and 4.1 ± 4.0 respectively). Concerning the expression of this receptor on monocyte macrophage lineage a marked higher value was attained in BALft (77.8 ± ± 41 in BALf vs. 18.7 ± 15 in blood). On the contrary the total expression of CXCR4 was higher in BALf (31 ± 19.9) than in blood (16.4 ± ± 8.1). This tendency extended equally to the T lymphocytes (26.6 ± 19.8 vs. 10.7 ±7.6) and also to the monocyte-macrophage lineage in an exuberant manner (84.5 ± 30.2 / 4.8 ± 4.6). The costimulatory activity of CD28 showed higher values in blood (22.8 ± 16.2) than in BALf (15.9 ± ± 10.1) for total T cells, CD4 and CD8 lymphocytes 22.5 ±16.7; 7.8 ± 8.3; 13.3 ± 8.3 / 16.5 ± ± 10.5; 2.9 ± 2.8; 10.8 ± 8.0 respectively).

Conclusions

1. HIV infection is responsible for important and extensive abnormalities in lung host defences.

2. The complex interaction between host and aggressor as well as the immune response particularly represented by natural killer and cytotoxic activities, apoptosis, and opportunistic diseases or others, therapeutics and other factors may contibute to the difficulty in obtaining homogenous medical samples within research. There are also ethical issues that restrict a purely scientific approach to these patients.

3. These results point to a pulmonary response to HIV in a compartmentalised fashion according to the dynamic cellular elements involved and receptors in which the latter had distinct profiles related to the biological fluids. In this context, the lung compartimental response is particularly dependent on alveolar macrophages activity which is from the beginning the cornerstone of this process and is the last cellular defense mechanism in this territory when all others are profoundly affected.

4. The dynamics of chemokines receptors may be very important in therapeutic approach as the blockage of the CCR5 receptor does not seem to trigger an increased expression of CXCR4 strains. In fact, we found that CXCR4 remained high in monocyte-macrophage cells throughout infection and its expression was increased in T-lymphocytes in Group II patients as opposed to CCR5 behavior in BALf which significantly decreases. However, in blood, CCR5 expression increased, unlike CXCR4.

5. Due to high co-existing opportunistic infections (71.4%) we cannot ignore the hypothesis that this increased expression of CXCR4 was a result of the modulation induced by opportunistic agents.

6. Finally, this striking individual variability undoubtly has clinical implications. This makes a case-by-case management strategy the correct approach.

Key-words:
Bronchoalveolar lavage
AIDS
cellularity
CCR5 and CXCR4 receptors
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